Centenário - 12.01.2022

Edival Borges da Silva

(“Seu Didi” - 1921-2021)

 

Nasceu em 22.04.1921, na fazenda dos seus pais, chamada Brejo de Baixo, em Mucugê, na Bahia. Filho de Deraldo Borges da Silva e D. Senhorinha de Novaes Silva. Dividiu a infância e adolescência entre a fazenda dos pais e o vilarejo de João Correia, onde estudava, no mesmo município de Mucugê.
 
Aos 19 anos, foi estudar em Caetité, também na Bahia. Trabalhava na pensão onde se hospedava. Com isso, ajudava a pagar a hospedagem, driblando o pouco dinheiro que tinha. Muito inteligente e simpático, acabou conquistando a confiança da dona da pensão. Fez muitos amigos, nessa época!

Quando criança, era tido como peralta, traquino e cheio de astúcias. Foi um jovem romântico, sonhador e amante da boa música. Era encantado com os poemas de Castro Alves, Casimiro de Abreu e Olavo Bilac.

Foi um homem de fé, caridoso e brincalhão. Apaixonado pela esposa, D. Gertrudes, a quem chamava “Duda”, pai amoroso, zeloso, responsável, rigoroso e disciplinado. Da mesma forma, foi extremamente amável com os netos e bisnetos.

Gostava de contar os causos e as histórias que viveu. Foi um professor de todos nós, pelo exemplo, como dizia Dom Bosco: “Frei exemplo é o melhor pregador.”

O encanto que tinha pela sua “Duda”, a D. Gertrudes, nasceu quando os dois ainda eram crianças, ao frequentar a casa dos pais dela, em João Correia, onde ia para a escola. Os pais dela, Seu Adolfo e D. Lena, gostavam muito dele.
 
Era ele quem cuidava da “Duda”, com todo cuidado para não deixá-la cair, pois era ainda bem pequena, enquanto D. Lena preparava um cafezinho para visita, que era ele mesmo. Não precisa dizer o quanto ele, também menino, esmerava-se nos cuidados. E confessava sua admiração pela beleza da menininha, dizendo: “Sá Ilena, ela é tão bonitinha”.

O tempo passou, Edival nem pensava em namorar Gertrudes, mais nova que ele. Mas, um dia, o rapaz saíra para apartar vacas e encontra Gestrudes e sua prima Neide, tentando colher umbu.  Edival, que tinha fama de galanteador, rapidamente subiu no umbuzeiro e sacudiu os galhos, fazendo jorrar os frutos no chão, facilitando a colheita, pelas mocinhas.

Ele ficou tão encantado com a beleza e doçura da ex-menininha, nesse dia, que não conseguiu dormir na noite seguinte. E acordou decidido a falar que queria namorar com ela. Mas não foi fácil, Gertrudes nem na janela aparecia. Mas a prima Neide socorreu Edival, servindo de  “cupido”, iniciando a uma bela história de amor entre os dois.

Sua trajetória como servidor público começou quando estudava em Caetité, ao ser aprovado no concurso para Escrivão de Coletoria. Para chegar a Salvador, onde foram realizadas as provas, fez uma penosa viagem, que incluía trechos a cavalo, de trem e em barco a vapor.

Foi designado para o cargo de coletor estadual na cidade de Mucugê, depois Barra da Estiva, Piatã, Livramento, Ibitiara, Amargosa, Paramirim, novamente Livramento, Brumado. E aposentou-se em Livramento. Notabilizou-se pela eficiência, honestidade e honradez com que ocupou a função.

Enfim, Edival Borges, um homem raro, em nosso sertão, cuja passagem por Livramento, pelo legado aqui deixado, que se perpetua nas pessoas dos seus filhos e netos, muito honra e engrandece nossa terra, que, neste mesmo ano, completa 100 anos de emancipação polítia e administrativa.

Dessa forma, Edival é merecedor de todas as homenagens, em qualquer tempo, mais especialmente neste ano (2021) em que transcorre o seu centenário de nascimento. Faria ele, 100 anos de idade, se ainda estivesse entre nós! Nosso respeito e nossas homenagens!

(texto baseado em informações passadas pela família)